sábado, 17 de maio de 2014

O PROFESSOR, O POLÍTICO E A SERPENTE DO CERRADO. Um conto cômico. prrsoares

O PROFESSOR, O POLÍTICO E A SERPENTE  DO CERRADO
Um professor no auge do seu estresse resolveu tirar seus dias de férias por direito legal no interior do cerrado de Mato Grosso. Até então, tudo planejado nos mínimos detalhes. Natureza, ar puro, paz interior e exterior. Um descanso total era tudo o que ele esperava encontrar. A pousada era reservada e bem rústica, mas dentro de suas possibilidades financeiras. Um frigobar recheado de coisas boas (a pagar) e uma televisão com 41 canais estavam à sua disposição.  Logo em frente, havia outra pousada, um pouco mais chique. Frigobar, televisão com canais por assinatura e internet banda larga 4G ilimitada, estavam à disposição de quem a reservasse. Tudo do bem e do melhor. Pelo zum zum zum das línguas falantes, estava ocupada por um político da capital Cuiabá que também estava no gozo de suas férias tão merecidas.
No lado de trás da pousada, a uns 300 metros, havia um bananal, recheado de folhas secas e um pouco de umidade da chuva que ainda havia caído dois dias atrás. Num cantinho escuro e aconchegante estava em seu merecido repouso uma serpente, sutil, sagaz e muito esperta. Na verdade, Já estava com fome, pois sua última refeição fora há três dias, um suculento e delicioso gambá.
Dia seguinte, o professor resolveu fazer um passeio levando consigo uma garrafinha de água, um sanduíche de frango e um livro, mas ao sair da rota da trilha, se perdeu. Resolveu então parar pra relaxar e  pensar como encontrar o caminho de volta. Sentou-se ao lado de um grande pé de Pequi e como ainda era cedo, começou a folhear seu livro.
 Nesta mesma manhã, o político também resolvera fazer um tour pela redondeza. Óculos de sol, água mineral, chapéu de couro de jacaré, repelente e protetor solar. Assim como o professor, o político também se perdeu e ao olhar para a sua frente estava lá, o professor, sentado, lendo alguma coisa. O Político aproximou-se e ambos começaram a conversar e ver como encontrariam a solução para achar o caminho de volta.
Nesse momento, a cobra/serpente apareceu e percebendo que ambos estavam perdidos, se prontificou a ajudá-los. Olhou-os nos olhos e disse: eu os levo aonde querem, mas exijo uma recompensa. O professor pensou e respondeu à cobra: O que fazes aqui sozinha? Onde estão seus pais? Você não deveria estar estudando os ensinamentos sagrados das serpentes ? A cobra então respondeu: Eu já nasci esssperta! O professor  perguntou: o que eu, um simples professor posso te dar em troca desse tão grande favor? A cobra com toda sssutilieza e sssagassidade sssuspirou e respondeu: senti um cheiro forte de frango frito. Me dê seu ssssanduíche e estamos quites. O professor não pensou duas vezes e entregou seu sanduíche de frango frito à cobra que o devorou de uma só vez. Após limpar a boca com sua língua afiada a cobra olhou para o político e ele, se achando muito esperto prometeu meio mundo de delícias para a cobra sagaz . O político a olhou-a mais uma vez e disse: disse: Só lhe entrego essas delícias quando chegarmos à posada. A cobra sssussspirou e indagou: não vai me enganarrrrr? Olha bem pra mim! disse o político com ar sinistro. Acha que não sou capaz de cumpri o que prometi? A cobra concordou com os dois e seguiu em direção à pousada, mas pediu que o professor ficasse por último e o político bem atrás dela. Já chegando perto da pousada ambos avistaram a antena da tv por assinatura. Foi uma alegria só! A cobra olhou para o professor e disse: corre, vai á luta! a casa é sua. Nesse momento o político tentou escapar de fininho, pois não tinha o que prometeu, mas a cobra o segurou com seu rabo forte e disse: cadê as delícias que você me  prometeu? O político tentou de todas as formas persuadi-la a entrar em acordo consigo, mas não conseguiu. A cobra o engoliu aos poucos, e sufocado, ele gritava: eu prometo, vou cumprir o que te falei, só deixa eu ligar pro meu assessor. Foi em vão. A cobra o devorou como se fosse a última bolacha do pacote e olhando para o professor  disse: SSSSSS! ssssou que nem ele. SSSó sssei sssser o que sssssou.
Raimundo Soares de Andrade
Rondonópolis, MT, 17/05/2014

quinta-feira, 15 de maio de 2014

PROFESSORES, permaneçam firmes! ( Uma resposta ao artigo “PROFESSORES, acordem” de Gustavo Ioschpe)

PROFESSORES, permaneçam firmes! ( Uma resposta  ao artigo “PROFESSORES, acordem” de Gustavo Ioschpe)
Não me comove, pelo contrário, me leva a refletir e até em parte me constrange  e me entristece o artigo escrito por  Gustavo Ioschpe ( Professores , acordem) publicado pela Revista Veja em maio de 2014 . Felizmente há muitas verdades contidas nele. Valei-me jesus! O que isso meu deus ? Pra modi quê tudo isso? Recuso-me a acreditar e concordar piamente com tal economista que ventura em suas palavras EXPOR, nos expor, me expor a um tipo de “FARRANCHO”  sem conhecimento total das realidades educacionais  em  suas indagações, coisa que não pode ser levada como  verdade absoluta.
“A imagem que vocês vendem não é a de profissionais competentes e comprometidos, mas a de coitadinhos, estropiados e maltratados” (IOSCHPE, Gustavo, 2014) Ouso perguntar: quem vende tal imagem? Os professores, os alunos, a escola, os governos ou PORFIADORES, tais como as emissoras de televisão, as revistas, os jornais ou os sites sensacionalistas que visam obter lucros em cima de nossos sonhos e necessidades de melhorias? Porque cada ato, cada manifesto, cada greve é um prato cheio para quem vê tais ações com olhares NEFASTOS e intencionais.
Não me assusta saber que mais um, em meio a tantos outros, pensam que a educação é um circo. Será que nós professores “Protagonistas desse palco”, somos então palhaços? Atrevo-me a dizer que mesmo assim, a plateia ri e cresce em cultura e conhecimento, até porque o circo é um lugar de diversão e envolvimento, e digo mais, levado muito a sério pelos circenses. Não podemos tratar com indiferença “o desrespeito pelo profissionalismo educacional”. Faz-me pensar como se o ENSINAR fosse uma arte direcionada àqueles que não tem muitas opções na vida. Pelo contrário, ensinar é a vida em arte. Temos sim profissionais extremamente competentes e compromissados que prezam pelo bom ensino e pela boa reputação educacional.
 Vale ressaltar que tanto a valorização profissional, quanto a formação continuada dos profissionais da educação como consta na Lei nº 101729 de janeiro de 2001 do Plano Nacional de Educação  deve ser encarada com seriedade por todos que almejam um ensino eficiente. Essa tarefa, não é exclusiva de um poder, de um representante, de um professor, de um economista, mas da sociedade em geral que almeja esse ensino de qualidade. A melhoria na educação depende também até daqueles sujeitos que nunca ficaram em uma sala de aula e nem tão pouco terão esta uma experiência. Porque se houver contribuições positivas de tais pessoas, serão bem vindas, caso contrário, como diz o ditado popular “Boca fechada...não entra mosca”  nem sai besteira. Falar sobre a educação sem nunca ter passado por uma sala de aula com 35 alunos num calor insuportável de 40 graus é o que dizer que sabe o que é  passar fome sem nunca ter tido uma experiência assim.
(Professores, acordem) Se DORMIR, conforme o dicionário português  é “ entrar ou estar em estado de sono” “Adormecer” e  SONO é repouso total do corpo“ Falta de vontade de Agir, Moleza”  , logo me vem em à mente a palavra INÉRCIA, o estado da falta de ação do movimento. Mas, lutar pelos nossos direitos e sonhos não significa estar acordado, em ação? Vejo que no fundo, o que querem mesmo é nos injetar um sonífero que nos torne sensível e aceptível a qualquer proposta que vem de cima e que a uma só voz todos digam: ASSIM SEJA! Não é isso que queremos e nem é isso que somos.
  Em relação aos quatro pontos mencionados por IOSCHPE  ouso indagar:
1-Sem essa de vítimas. Somos sujeitos da transformação da nação brasileira que merecem respeito e dignidade como qualquer cidadão e como qualquer outro profissional competente. É uma questão de direito legal. Nosso papel é não aceitar derrotas.
2- Pelo que entendo de educação, as vivências e experiências (empíricas ) tornam a educação um ensino de  qualidade e está inserida dentro do próprio PPP( Projeto Político Pedagógico) de qualquer unidade escolar. De onde vem mesmo essa ideia que menosprezamos o empirismo? No que consta esse embasamento?
3- Pensei que expor a realidade nua e crua da educação brasileira fosse um tipo de envolvimento para com a sociedade. Será que  estamos enganados por nos expor tanto?
4- Quisera eu e todos os demais profissionais da educação desse país  tivessem salários tão bons quanto o de muitos outros profissionais, até mesmo parecidos com o de certos economistas. Obsessão é um tipo de perseguição da qual NÓS, profissionais da educação e outros sofremos. Calar-nos, é o sonho de muitos que vivem em suas vidas numa BAZÓFIA sem igual.
“O respeito da sociedade não virá quando vocês tiverem um contracheque mais gordo. Virá se vocês começarem a notar suas próprias carências e lutarem para saná-las, dando ao país o que esperamos de vocês: educação de qualidade para nossos filhos”. (IOSCHPE, Gustavo, 2014) Nosso respeito virá, quando nos respeitarem como cidadãos dignos de puro respeito, porque isso é bom e faz bem. Afinal, colhe-se trigo quando se planta trigo. Colhe respeito quem semeia respeito. Colhe educação quando se investe  em educação.
Raimundo Soares de Andrade é Coordenador Pedagógico da Escola Eunice Souza dos Santos. E-mail: prrsoares@hotmail.com


segunda-feira, 12 de maio de 2014